quarta-feira, 26 de maio de 2021

CULTURA DE BASE - segundo ano sem festaça





Separamos um dos três encontros do Cultura de Base, evento virtual realizado pelo CCPBF, para discutir alguns aspetos em comum entre os grupos e movimentos de cultura popular, em particular os que se expressam na região  da Baixada Fluminense, com foco nesse momento de isolamento social. No dia 19 de maio o encontro virtual contou com a participação de Kalunga da Junina, Rafaelle Gomes e Fernando Antonio, todos integrantes de grupos juninos e diretamente envolvidos com os festejos que celebram Santo Antônio, São Pedro e São João, traçando um panorama amplo do que ocorre hoje com esses festejos e grupos, a partir do ponto de vista de cada um dos participantes do bate-papo, nesse segundo ano sem festejos juninos.

Ivan Machado, recebendo Kalunga, Fernando e Rafaelle
O primeiro fator a ser discutido aqui é em relação ao número de  quadrilhas juninas que se vê hoje em relação aos anos 90 por exemplo, quando Kalunga, integrante da Junina Moçada que Agita em Belford Roxo, iniciou seu vínculo com esses festejos. Hoje, na condição de presidente do Centro Cultural dos Quadrilheiros Juninos do Estado do Rio de Janeiro, ele vê o declínio vertiginoso no número de grupos na região. Dos vinte e oito grupos à época no no recém emancipado município de Belford Roxo, seu grupo é o único em atividade hoje, relata Kalunga. Rafaelle Gomes, professora de história e integrante da Liga de Quadrilhas Juninas de Nova Iguaçu, cita que a burocracia sempre fez parte da vida dos lideres das quadrilhas. No entanto, a pandemia da Covid-19 serviu como forma de agravamento de uma série de outras questões já problemáticas, como a drástica diminuição dos patrocínios, o alto custo das matérias primas e a diminuição do público  presente nas festas juninas. Fernando Antônio, o promotor de eventos populares que também organizou festas de folias de reis, aponta para a gestão pública como ponto central da problemática percebida por quem lida com as festas juninas. Além do fator Segurança Pública, citado pelos três participantes como crucial para o afastamento do público, Fernando aponta para a falta de qualificação dos gestores da pasta da cultura nos municípios da Baixada Fluminense. As festas promovidas pelas prefeituras têm cedido espaço em seu repertório para estilos musicais que não interagem com o ideário junino e isso, segundo Rafaelle, contribui significativamente para o o desinteresse do público pela atividade central das festas, cada vez mais esvaziadas. "muitas vezes nos apresentamos pra nós mesmos" diz ela, queixando-se do público escasso.

Kalunga: "as lives têm sido a saída"
Já Kalunga trás uma visão esperançosa nesse contexto, entendendo que as lives vêm suprindo a falta de acesso por por parte do público. Outro fator positivo, as transmissões ao vivo possibilita maior interação com quadrilhas juninas de outros estados, ampliando o intercâmbio enquanto garantem maior diversidade de estéticas numa mesma festa, ainda que de forma virtual. Kalunga também aponta que o princípio da Economia da Cultura mudou, passando da agregação de barraqueiros nas festas presenciais para a captação de patrocinadores, veiculando anúncios durante as transmissões ao vivo. Fernando acrescenta que isso tudo não significa o fim das festas juninas. Segundo ele, uma melhor qualificação dos gestores, passando por um organizado aparato de segurança e desburocratização dos mecanismos de "nada opor", podem contribuir para que as festas juninas presenciais retomem sua amplitude e aderência na sociedade. Outro consenso é que falta proximidade entre poder público e movimentos populares de cultura, vide o abaixo acesso de muitos desses grupos aos recursos da Lei Aldir Blanc. 

Fernando: "os secretários de cultura geralmente não ajudam"


O que concluímos com esse interessante e esclarecedor encontro é que há um paralelo entre todas as manifestações culturais que não têm reflexo na mídia. A falta de aprofundamento dos gestores de cultura quanto ao conhecimento sobre linguagens que se encontram fora do jargão dos grande eventos, aliada a crise financeira e a necessidade de isolamento social tem sido um problema para os grupos tradicionais. Se considerarmos que tais grupos remontam um pouco de nosso passado, tradições e identidades, entenderemos que a escassez dessas manifestações populares contribuem muito para que nossa população se afaste  do auto conhecimento.  Além do mais, o investimento na beleza estética de nossa cultura popular é algo que pode contribuir muito para que nosso povo sinta orgulho de ser de onde é. Ou seja, a relação custo benefício em dar o devido suporte às expressões de nossa cultura popular é muito favorável, coisa que poucos gestores de cultura na Baixada Fluminense conseguem perceber.

Rafaelle: "a falta de segurança pública afasta as pessoas"


Assista a íntegra do encontro através do link


quarta-feira, 24 de março de 2021

QUEM FAZ A FOLIA - BANDEIRA FLOR DO ORIENTE

 
Mestre Rogério, terceira geração do Flor do Oriente

Vamos postar aqui uma série de textos e imagens que mostrem quem de fato compõe o cenário de nossa cultura popular, na região da Baixada Fluminense, tendo como referência nosso Reizado. E, pra começar, vamos postar aqui um pouco da história da Folia Flor do Oriente, do município de Caxias. 

Vale lembrar que são trajetórias narradas pelos próprios integrantes, com cruzamento de informações colhidas e adicionadas aqui pelo CCPBF, de modo a dar um panorama o mais amplo possível sobre quem são ou sobre quais grupos estamos falando. Acima de tudo a intensão é dar maior visibilidade e ampliar a credibilidade de nossas manifestações culturais, tanto para nós mesmos quanto para quem pesquisa ou os valoriza, sobretudo em nossa região.

A folia Flor do Oriente é um dos poucos reizados que fizeram sua jornada nesse período 2020/2021. Contido, é notória a dupla preocupação de Nora (Leonor sant anna de moraes) diretora do reizado, com seus 54 anos de idade e de folia.  Entre manutenção de uma tradição centenária e familiar que, nesse momento de pandemia, se cercou de cuidados, como o uso de máscaras e diminuição no número de integrante nas "saídas". Tais preocupações foram inclusive veiculadas na mídia, onde ficam claros os cuidados tomados, quanto aos dois aspectos mencionados aqui.    

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REISADO 

FLOR DO ORIENTE


O Reisado Flor do Oriente   foi fundado  em 1872  pelo sr.  Manoel Vicente de Moraes, na  Fazenda Recreio, na cidade de Miracema.  Em 1907 seu seu irmão Marcos Vicente de Moraes  assumiu a responsabilidade de estar a frente da bandeira, conduzindo-a até  a sua morte em 1930. Seu irmão, Sr. Miguel Vicente de Moraes que era Contra-Mestre  da folia e assumiu a bandeira, conduzindo-a até seu falecimento em 1969. 

 

Seus filhos, Waldir Vicente de Moraes e Sebastião Vicente de Moraes deram continuidade à jornada, sendo que Waldir era contra-mestre e Sebastião mestre palhaço. Waldir então passou a faixa de Mestre Reiseiro para Sebastião, dando continuidade a tradição da família, até que no ano de 2007 ,Sebastião veio a falecer no dia 20 de janeiro. Waldir Vicente de Moraes que era Contramestre e diretor responsável do grupo, decide então nomear  Rogério silva de Moraes, filho mais velho de Sebastião,  como mestre do grupo a faixa de Mestre lhe foi passada no dia 27 de janeiro 2007 na festa de arremate da folia. .Rogério à época tinha 38 anos de idade e de folia, pois nasceu dentro da folia de reis. Waldir e Rogério levaram firme  a tradição centenária até o dia 28 de agosto de 2012 quando, o Contramestre Waldir também se foi. O Reisado Flor do Oriente  hoje tem  o Sr. Rogério como Mestre  Reiseiro  e a Sra. Leonor Santanna de Moraes  como diretora  e responsável pelo grupo.

 

A Folia de Reis, Reisado Flor do Oriente  tem sua sede situada na rua Felinto de Almeida   n 429 vila rosário duque de caxias  há  55 anos. O grupo está na  quinta geração de mestres e é composto em sua grande maioria por parentes e tem 40 componentes. O grupo tem como mestre Sr. Rogério Silva de Moraes  e Sra. Leonor Santanna de Moraes como diretora e responsável. As festas de arremate do Reisado Flor do Oriente acontecem sempre no primeiro sábado após o dia 20 de janeiro e seu uniforme tradicional é na cor azul e branco.