quarta-feira, 15 de novembro de 2023

15 DE NOVEMBRO - A PROCLAMAÇÃO DA REÚBLICA EM UM PAÍS COM DOENÇAS SOCIAIS

 



Por Ivan Machado

Nossa atual Constituição estabelece que “todo poder emana do povo”, ratificando seu apelido de Constituição Cidadã, o que poderia ser o ponto culminante da longa jornada entre Monarquie e República. No entanto, o fator povo ainda não nos parece possibilitar um cálculo que faça fechar a conta corretamente. Ainda temos uma camada social abastada, que interfere nas decisões políticas, sem que as principais carência do povo sejam sanadas, a ponto de colocar o Brasil ao lado de países como Angola e Moçambique no número de mortes por Tuberculose, nos fazendo questionar quais as principais virtudes de um país republicano. 

A monarquia e a república são duas formas de governo clássicas que diferem em como a relação entre governantes e governados é estabelecida. Na monarquia, o chefe de Estado é um monarca, que é chamado de rei/rainha, imperador/imperatriz, dentre outros títulos. O cargo do rei é hereditário, passando de geração a geração dentro de uma mesma família, e vitalício, ou seja, o rei detém o seu título até a sua morte. Já na república, o povo (ou seus representantes eleitos) possuem o poder absoluto de escolha. Na monarquia, o poder era centralizado nas mãos do imperador, que governava com o auxílio de um conselho de ministros e um senado vitalício. O povo não tinha direito ao voto e, portanto, não participava diretamente das decisões políticas do país.  

Com a Proclamação da República, o Brasil adotou um sistema político mais democrático, no qual o poder é exercido pelo povo por meio do voto. No entanto, a participação popular nas decisões políticas do país ainda é limitada, e muitas vezes o poder é exercido por elites políticas e econômicas. A Constituição de 1988, por sua vez, estabeleceu o sufrágio universal e o voto obrigatório, mas ainda há desafios significativos a serem enfrentados para garantir a participação efetiva do povo nas relações de poder no Brasil. 


Em resumo, o papel do povo nas relações de poder no Brasil tem evoluído ao longo do tempo, passando de um sistema monárquico centralizado para um sistema republicano mais democrático. No entanto, ainda há muito a ser feito para garantir a participação efetiva do povo nas decisões políticas do país. É importante destacar que a sociedade brasileira passou por muitas mudanças desde a
Proclamação da República em 1889. Houve avanços e retrocessos em diferentes áreas, como economia, política, educação, saúde, cultura, entre outras. Um dos avanços mais significativos da sociedade brasileira no século XXI foi a estabilização monetária, que ocorreu após um período de forte recessão, redução dos investimentos, aumento do desemprego, queda na renda agregada e grandes dificuldades nos setores produtivos. No entanto, ainda há muitos desafios a serem enfrentados, especialmente em relação aos direitos sociais, como saúde, educação e segurança pública, que ainda estão longe de serem considerados satisfatórios.
 

Em relação aos impactos desses sistemas na vida da população de baixa renda, é importante destacar que a desigualdade social ainda é um grande problema no Brasil. A população de baixa renda muitas vezes não tem acesso a serviços básicos de qualidade, como saúde, educação e segurança pública. Além disso, a falta de oportunidades de emprego e a violência são problemas graves que afetam a vida dessas pessoas. No entanto, existem hoje iniciativas governamentais e não governamentais que buscam melhorar a vida da população de baixa renda, como programas sociais, projetos de educação, saúde e treinamento profissional, entre outros. 

No que se refere ao desenvolvimento de uma cultura cidadã, é importante destacar que a construção da cidadania no Brasil é um processo contínuo e complexo. A cidadania envolve não apenas direitos, mas também deveres e responsabilidades. É necessário que a sociedade brasileira como um todo esteja engajada em promover a cidadania e a participação social nas decisões que resultem em políticas públicas, para que possamos construir uma sociedade mais justa e democrática. 

A Tuberculose, mostrando que, na prática, pouca coisa mudou 

A prevalência da tuberculose na população menos favorecida social e economicamente é um problema de saúde pública no Brasil. Mesmo a partir da promulgação da República, a tuberculose era considerada uma doença de pobres e, portanto, era mais prevalente entre a população menos favorecida. Além disso, a tuberculose era vista como uma doença estigmatizada, associada à pobreza, à sujeira e à falta de higiene. Essa visão cultural da doença dificultava o diagnóstico e o tratamento adequado da tuberculose, já naquela época. 

Nos últimos anos, houve avanços significativos no enfrentamento da tuberculose no Brasil. O Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) foi criado em 1999 e tem como objetivo reduzir a incidência e a mortalidade da tuberculose no país. Entre os principais avanços no enfrentamento da tuberculose nos últimos anos, podemos citar a expansão da rede de diagnóstico e tratamento, a melhoria da qualidade dos serviços de saúde, a ampliação do acesso aos medicamentos e a implementação de políticas públicas voltadas para a prevenção e o controle da doença. 

Em comparação ao período monárquico, houve uma melhoria significativa no diagnóstico e no tratamento da tuberculose. Hoje, existem medicamentos mais eficazes e menos tóxicos, além de uma rede de serviços de saúde mais ampla e acessível. No entanto, ainda há muitos desafios a serem enfrentados, especialmente em relação à população menos favorecida social e economicamente. A tuberculose ainda é uma doença que afeta principalmente as pessoas mais pobres e vulneráveis, que muitas vezes vivem em condições precárias. Além disso, a tuberculose ainda é estigmatizada em muitas comunidades, o que dificulta o diagnóstico e o tratamento adequado da doença. 

 

O 15 de novembro é uma data celebrada em todo o país como um feriado nacional, e é uma oportunidade para refletir sobre a importância da cidadania e da participação política na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Para dar a esse dia um caráter mais cidadão às relações entre governo e sociedade, sobretudo os menos favorecidos, é importante que haja uma maior transparência e participação popular nas decisões políticas. Além disso, é fundamental que os governos invistam em políticas públicas que promovam a igualdade social e econômica, como a educação, a saúde, a habitação e o emprego. A sociedade civil também pode contribuir para essa mudança, por meio da organização de movimentos sociais e da pressão sobre as autoridades para que atuem em prol do bem comum.

____________________ Ivan Machado - Mestre em Educação e Cultura pela EPSJV/FIOCRUZ, Especialista em Arte-Educação, Licenciado em História e Diretor Presidente do CCPBF  

domingo, 15 de outubro de 2023

OUTUBRO ROSA, A PORTA DE ENTRADA DO NOVEMBRO AZUL?

  

Projeto CHM Sem Bacilo e a Saúde do homem

Através do Projeto CHM Sem Bacilo o CCPBF tem se deparado na prática com a realidade que já conhecemos, que é o desapego dos homens a qualquer tratamento preventivo de saúde, o que nos leva a refletir sobre quais mecanismos adotar para o enfrentamento de doenças como Tuberculose, câncer da próstata ou as corriqueiras mas não menos alarmantes, hipertensão e diabetes.  

Bastariam os dados do INCA, apontando que aproximadamente 1% dos casos de câncer de mama são atribuídos aos homens. Porém, o Outubro Rosa tem caráter fundamental de adesão do público masculino ao Programa de Saúde do Homem, sobretudo por sua visibilidade nacional. Nesse caso não é apenas o apoio e a solidariedade dos homens em relação as mulheres ao seu redor, que deve ser colocado como prioridade, mas também que não sejam só as mulheres que devam ter o serviço público e gratuito de saúde como algo relevante à sociedade, considerando que existem estratégias de saúde inclusive para o público masculino.   

 

Durante a gestão do então Ministro da Saúde José Gomes Temporão, o SUS já apresentou experiência de buscar uma maior aproximação do público masculino ao trabalho de prevenção da saúde o que, por fim, não deu muito certo. Segundo o Ministério da Saúde,  " Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) foi implementada em 2009 com o objetivo de promover a melhoria das condições de saúde da população masculina brasileira, contribuindo para a redução da morbidade e da mortalidade dessa população, abordando de maneira abrangente os fatores de risco e vulnerabilidades associados" 1

Temporão, Ministro que lançou o Programa de Saúde do Homem

Ocorre que os homens acessam bem menos as Unidades de Saúde, que são a forma de acessar o SUS. Os homens, no geral, não dão a devida atenção às ações de prevenção, o que contribuiu com o declínio do programa, que prevê atenção a cinco fatores fundamentais:

  1. Acesso e Acolhimento: objetiva reorganizar as ações de saúde, por meio de uma proposta inclusiva, na qual os homens considerem os serviços de saúde também como espaços masculinos e, por sua vez, os serviços reconheçam os homens como sujeitos que necessitam de cuidados e acesso à saúde;
  2. Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva: promove a abordagem às questões sobre a sexualidade masculina, nos campos psicológico, biológico e social. Busca respeitar o direito e a vontade do indivíduo de planejar, ou não, ter filhos;
  3. Paternidade e Cuidado: busca sensibilizar gestores (as), profissionais de saúde e a sociedade em geral sobre os benefícios da participação ativa dos homens no exercício da paternidade em todas as fases da gestação e nas ações de cuidado com seus (suas) filhos (as), destacando como esta participação pode contribuir a saúde, bem-estar e fortalecimento de vínculos saudáveis entre crianças, homens e suas (seus) parceiras (os);
  4. Doenças prevalentes na população masculina: reforça a importância da atenção primária no cuidado à saúde dos homens, facilitando e garantindo o acesso e a qualidade dos cuidados necessários para lidar com fatores de risco de doenças e agravos à saúde mais prevalentes na população masculina;
  5. Prevenção de Violências e Acidentes: visa a conscientização sobre a relação significativa entre a população masculina e violências e acidentes. Propõe estratégias preventivas na saúde, envolvendo profissionais e gestores de saúde e toda a comunidade.

Ivan Machado, Palestra e entrevista no SESC Tijuca: o papel didático
do Outubro rosa, também para o homem 


Segundo o DVIASHV, que monitora dados de Tuberculose e HIV/AINDS, os homens sofrem o dobro da incidência de Tuberculose em relação as mulheres, numa proporção de 4,3 casos por 100 mil, enquanto os números são de 21,2 no caso das mulheres. Números que demonstram o tamanho do distanciamento dos homens em relação ao serviço público de saúde. Além disso, vale lembrar que esses números refletem dados oficiais. Ou seja, é possivel que essa disparidade entre mulheres e homens seja ainda maior, se considerarmos que muitos casos não chegam a ser notificados, devido a não visita dos homens ao posto de saúde. 

Então, a maior relevância do Outubro Rosa é sua visibilidade, que pode contribuir significativamente para o acesso dos homens ao Novembro Azul. Longe de lançar sobre a mulher mais uma responsabilidade em relação aos homens, entendemos ser fundamental que a cultura da atenção básica a saúde seja reafirmada nos nos lares. Entendemos que o machismo, por mais estranho que pareça, impõe uma forte carga de medo sobre os homens que, por sua vez, se sentem responsáveis por uma imagem de ser invencível, sobretudo diante de suas famílias. 

Precisamos urgentemente levar os homens ao convencimento de que, pedir ajuda, não é um fator depreciativo, muito pelo contrário. 

O homem, sua saúde e os fatores socioculturais que o cercam 

Com a proposta de aliar a estética da cultura a promoção e educação em saúde, no contexto do "Programa 90x" Favela da FioCruz, percebemos, através do Projeto CHM Sem Bacilo que, de fato, o homem ainda tem muito que avançar, no que diz respeito a sua proximidade com o que lhe é oferecido pelo SUS.  O foco do projeto é o enfrentamento a Tuberculose no território que chamamos de "Chatuba em Mesquita" em Mesquita, município da Baixada Fluminense.

Um estudo de revisão sistemática identificou os fatores que contribuem para a baixa adesão dos homens aos programas de assistência à saúde, como o nível educacional, a condição econômica, as crenças culturais, além do conhecimento inadequado sobre a doença, a baixa percepção dos benefícios do tratamento, o medo de efeitos colaterais, a fadiga em relação ao uso crônico de remédios, o baixo apoio familiar e social ao cuidado com a saúde e as questões psicológicas associadas1. 

Outro estudo de revisão de literatura apontou os fatores relacionados à baixa adesão do homem aos serviços de saúde, como o fato do homem considerar-se saudável e manter o pensamento cultural de ser forte e invulnerável. Outro fator importante é a ausência de especialistas em saúde do homem nos serviços de saúde, estrutura dos serviços de saúde e campanhas que privilegiam grupos frágeis. O horário de funcionamento dos serviços de saúde, demora no atendimento e a necessidade de retorno a consultas são motivos alegados. A ausência de ações voltadas para saúde do homem é de fato um elemento importante na análise. Porém, o medo de descobrir doenças e a unidade de saúde ser considerado um ambiente feminilizado são fatores compartilhados entre os homens2. 

Um artigo sobre a baixa adesão ao tratamento das doenças cardiovasculares destacou que a doença é vista como uma demonstração de fragilidade pelos homens, que tendem a negar os sintomas e evitar procurar ajuda médica. Além disso, o artigo mencionou que a tuberculose é uma das doenças infecciosas que mais afeta os homens no Brasil, sendo responsável por cerca de 4.500 mortes por ano. O artigo sugeriu que os homens devem ser estimulados a cuidar da sua saúde e buscar orientação profissional sempre que necessário3.

Um artigo sobre a baixa adesão dos homens aos serviços da Estratégia Saúde da Família relatou que muitos homens trabalhadores apresentam dificuldade na procura dos serviços primários de saúde devido à falta flexibilidade de horários de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde. Há também deficiência dos serviços de saúde em absorver a demanda trazida pelos homens e escassez de campanhas voltadas diretamente para esse segmento. O artigo também afirmou que a tuberculose é uma das principais causas de morbimortalidade entre os homens no Brasil, sendo necessária uma maior sensibilização e conscientização desse público sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado4. 

Confrontar fatores culturais tão arraigados e propor mudanças de comportamento aos homens é um desafio que precisamos enfrentar. Acreditamos que o desenvolvimento de estratégias eficazes na adesão desse público ao SUS, pode contribuir inclusive com a mudança de mentalidade, possibilitando a diminuição gradativa de expressões e práticas machistas e misóginas, nos vínculos sociais. Ou seja, nosso entendimento é que o exercício do direito cidadão de acesso a mecanismos que garantam a vida podem, concomitantemente, propiciar melhores vínculos sociais e afetivos, considerando seu apelo educativo aos homens enquanto gênero.  

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quinta-feira, 5 de outubro de 2023

NA DEFESA DE UMA CONSCIÊNCIA NEGRA E PERIFÉRICA


Dia da Consciência Negra e Periférica no CCPBF


 O CCPBF tem como missão estatutária e ideologica atuar na Baixada Fluminense, compreendendo que há uma histórica necesidade de ampliar a visibilidade de nossas lutas e práticas culturais, numa região cuja população é majoritariamente negra e invisibilizada, em detrimento inclusive de seus quase quatro milhões de habitantes. Assim, entendemos que é fundamental ampliar nosso olhar para nós mesmos, a partir de nosso potencial intelectual, humano e, porque não dizer, político. Nesse sentido nós comprometemos em abrir um diálogo sobre a necessidade de uma consciência negra e periférica para esse 20 de novembro de 2023, a partir das potrncias culturais de nossa região. 

A consciência negra e periférica é uma forma de reconhecer e valorizar a história, a cultura e a identidade dos povos de origem africana que foram trazidos à força para o Brasil e que resistiram à escravidão e ao racismo. Essa consciência também busca promover a igualdade racial e social, denunciando as desigualdades e violências que afetam as populações negras nas periferias urbanas e rurais.

O dia 20 de novembro foi escolhido como o Dia da Consciência Negra porque marca a morte de Zumbi dos Palmares, um dos principais líderes quilombolas que lutou pela liberdade de seu povo contra os colonizadores portugueses. Zumbi foi assassinado em 1695, após resistir por anos no Quilombo dos Palmares, uma comunidade formada por escravizados fugidos das fazendas no nordeste do Brasil. Zumbi se tornou um símbolo da luta e da resistência dos negros no Brasil, e sua memória é celebrada como uma forma de reivindicar direitos e justiça para os afrodescendentes.

A consciência negra e periférica também envolve o reconhecimento das lideranças negras que surgem das periferias rurais e urbanas, que atuam em diferentes áreas e movimentos sociais, culturais, políticos, econômicos e educacionais. Essas lideranças são importantes para dar voz e visibilidade aos intelectuais, artistas, ativistas, empreendedores, trabalhadores e trabalhadoras negras que contribuem para o desenvolvimento do país, mas que muitas vezes são invisibilizados ou discriminados pela sociedade. Essas lideranças também são responsáveis por criar redes de apoio, formação, mobilização e transformação nas periferias, buscando melhorar as condições de vida e garantir os direitos das populações negras.

Portanto, a consciência negra e periférica é uma forma de afirmar a identidade, a dignidade e a cidadania dos negros e negras no Brasil, bem como de valorizar sua história, sua cultura e sua luta. É também uma forma de combater o racismo estrutural que persiste na sociedade brasileira, gerando desigualdades e violações de direitos humanos. A consciência negra e periférica é um convite para a reflexão crítica, o diálogo intercultural e a ação coletiva em prol da democracia, da diversidade e da justiça social.

A produção cultural da Baixada Fluminense é uma expressão da diversidade e da resistência do povo negro que habita essa região. A história da nossa região é marcada pela presença de quilombos, comunidades formadas por escravos fugidos que buscavam a liberdade e a autonomia. Um dos maiores exemplos de quilombo no Brasil foi o Quilombo dos Palmares, liderado por Zumbi, um dos símbolos da luta contra a escravidão colonial. Ainda assim, há tantos outros exemplos de luta e resistência que ainda não são de nosso conhecimento, também por sua condição de invisibilidade periférica.

A luta de Zumbi dos Palmares é uma inspiração para os negros periféricos que enfrentam o racismo e a violência no Brasil contemporâneo. A cultura negra produzida nas periferias é uma forma de afirmar a identidade e a dignidade desse povo, que tem uma história de opressão, mas também de resistência e criação. A música, a literatura, o teatro, a dança, as artes visuais e outras manifestações culturais são instrumentos de denúncia, de protesto, de educação e de transformação social.

Não precisamos de mais mártires como Zumbi dos Palmares e tantos outros invisibilizados, que morreu pela liberdade do seu povo. Precisamos de novas mentes pensantes que valorizem a cultura negra e que lutem por um país mais justo e igualitário. A Baixada Fluminense é um celeiro de talentos e de potencialidades que merecem ser reconhecidos e apoiados. A produção cultural da baixada fluminense é um patrimônio do Brasil e uma contribuição para a humanidade.

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Segue abaixo uma série de referência para iniciar  o debate sobre o tema:

(1) Consciência negra: o que é, origem, história, dia - Brasil Escola. https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/consciencia-negra.htm.

(2) Consciência negra: história e criação da data comemorativa. https://www.todamateria.com.br/consciencia-negra/.

(3) Dia da Consciência Negra: O que significa esta data? - UOL. https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2022/11/20/o-que-significa-o-dia-da-consciencia-negra.htm.

(4) Consciência Negra: O que é? Qual a Origem? O que tem a ver com Zumbi?. https://educacao.uol.com.br/noticias/2021/11/03/o-que-e-consciencia-negra.htm.

(5) Consciência Negra – o que é? - Geledés. https://www.geledes.org.br/consciencia-negra-significado/.

(6) 20 de novembro – Dia da Consciência Negra - Brasil Escola. https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-nacional-da-consciencia-negra.htm.

(7) SP sanciona lei que torna dia 20 de novembro feriado estadual da ... - G1. https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2023/09/13/sp-sanciona-lei-que-torna-dia-20-de-novembro-feriado-estadual-da-consciencia-negra.ghtml.

(8) Consciência negra: o que é, comemoração, importância - Mundo Educação. https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/consciencia-negra.htm.

(9) Dia da Consciência Negra agora é feriado em todo o estado de São Paulo .... https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-09/dia-da-consciencia-negra-agora-e-feriado-em-todo-o-estado-de-sao-paulo.

(10) Projeto Asas desenvolve lideranças nas periferias. https://www.geledes.org.br/projeto-asas-desenvolve-liderancas-nas-periferias/.

(11) Ministério da Igualdade Racial é prioridade para lideranças negras em .... https://g1.globo.com/politica/noticia/2022/11/20/ministerio-da-igualdade-racial-e-prioridade-para-liderancas-negras-em-grupo-de-transicao.ghtml.

(12) 81 lideranças de movimentos negros de todo país gravam ... - Geledés. https://bing.com/search?q=lideran%c3%a7as+negras+nas+periferias.

(13) 81 lideranças de movimentos negros de todo país gravam ... - Geledés. https://www.geledes.org.br/81-liderancas-de-movimentos-negros-de-todo-pais-gravam-mensagem-ao-povo-brasileiro/.

(14) Negras lideranças: mulheres ativistas da periferia de São Paulo. https://dandaraeditora.com.br/produto/negras-liderancas-mulheres-ativistas-da-periferia-de-sao-paulo/.

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

FESTA DE ARREMATE: exemplo congraçamento e resistência cultural

Nesse mês de setembro temos pelo menos duas festas que celebram o encontro e o congraçamento entre os reisados na Região  Metropolitana do Rio de Janriro. A primeira acontece no dia 03 em São Gonçalo, onde o Mestre Fumaça, a frente da Bandeora Nova Flor do Oriente acolhe as jornadas irmãs. A segunda ocorre no município de Mesquita,  onde o Mestre Cláudio, a frente da Folia Sempre Viva do Oriente, acolhe seus convidados no dia 09.



 As festas de arremate são eventos que marcam o encerramento das folias de reis, uma tradição popular e religiosa que celebra a visita dos três Reis Magos ao menino Jesus. Essas festas são importantes por vários motivos, entre eles:

As festas de arremate são eventos que marcam o encerramento das folias de reis, uma tradição popular e religiosa que celebra a visita dos três Reis Magos ao menino Jesus. Essas festas são importantes por vários motivos, entre eles:

- Elas promovem o congraçamento entre os foliões, que são os participantes das folias de reis, que se reúnem para cantar, dançar, rezar e se divertir. Os foliões formam grupos chamados de companhias ou ternos de reis, que desfilam pelas ruas e visitam as casas das pessoas que os recebem com hospitalidade e generosidade. Nas festas de arremate, as companhias se encontram e trocam experiências, saberes e afetos.

- Elas revelam a diversidade cultural no contexto dos reisados, que são as apresentações teatrais que contam a história dos Reis Magos. Cada região do Brasil tem suas próprias características na forma de representar o reisado, com diferentes roupas, instrumentos, músicas, danças e personagens. Nas festas de arremate, é possível apreciar essa riqueza cultural e reconhecer a identidade de cada grupo.

- Elas fortalecem os vínculos sociais e familiares entre os devotos dos reis, que são as pessoas que têm fé nos Reis Magos e seguem seus ensinamentos. A Folia de Reis é uma manifestação de devoção e gratidão aos Reis Magos, que são considerados protetores e intercessores dos fiéis. Nas festas de arremate, os devotos renovam sua fé e sua esperança, além de compartilhar seus valores e suas tradições com as novas gerações.



Portanto, as festas de arremate são momentos de celebração, integração e preservação da Folia de Reis no Brasil. 

Referências:

(1) A Folia de Reis no Brasil - Toda Matéria. https://www.todamateria.com.br/folia-de-reis/.

(2) Folia de Reis: origem, celebração, comidas - Brasil Escola. https://brasilescola.uol.com.br/historiab/folia-de-reis.htm.

(3) >Prestígio e Autoridade em disputa: os corpos dos mestres e palhaços na .... https://ojs.ifch.unicamp.br/index.php/proa/article/download/3063/2579.

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Cultura e Assistência social, na busca por cidadania plena

 

Mestre Pipoca e sua família: cultura popular gerando inclusão social


Patricia Lyra*

Segundo a Constituição brasileira, a cultura compõe o leque de direitos humanos. Podemos dizer então que a Cultura é uma dimensão do social, tal qual o econômico e o político. Logo, todo acontecimento cultural é um acontecimento social.

Os trabalhadores da política de assistência social que tenham uma atitude investigativa apurada, podem descobrir potencialidades culturais e investir nelas as suas ações. Ainda, podem até requerer que mais ações culturais aconteçam tais como: folguedos, rodas, contos, serestas de violas, encenações ou hip-hop. Também podem potencializar formações para esse grupo social. Se faz extremamente importante que esses profissionais fortaleçam tais iniciativas, buscando estratégias para que ações culturais sejam fortalecidas, valorizadas e se tornem de fácil acesso às comunidades e grupos com quais atua em seus territórios de referência.

Sendo a intersetorialidade característica da política de Assistência Social, no que diz respeito à expectativa de maior capacidade de enfrentamento das inúmeras expressões da questão social, das demandas trazidas pela população usuária, seria um equívoco não se articular com a cultura local, no objetivo de construir objetos comuns de intervenção.

O Serviço social do CCPBF – Centro de Cultura Popular da Baixada Fluminense – ciente do poder transformador da cultura através da atuação dos agentes culturais, bem como do potencial artístico cultural que configura a Baixada Fluminense, com foco principal na sociedade mesquitense, entende o quanto essa parceria pode trazer mudanças incríveis na vida dos usuários. Sabendo valer-se da mediação entre ambas as políticas, para que essa troca se fortaleça e esteja cada vez mais presente em nossas ações, o trabalho profissional será “Um grande espetáculo”.

“Em um lugar onde não há atividades culturais, as violências viram espetáculo”.

Autor Desconhecido

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*Patricia Lyra é graduada em Serviço Social pela UFRJ, Assistente Social do CCPBF e especialista em Educação e Diversidade

 

domingo, 12 de fevereiro de 2023

 





Por Ivan Machado

Nesse início de ano fecharmos mais um ciclo no acompanhamentos das folias de Reis na Baixada Fluminense, constatando uma série de questões que nos que vem nos preocupando nessa última década. Sabemos que o fim ou esgotamento de algumas expressões culturais é algo natural ao longo do tempo, o que também demonstram as mudanças pelas quais a sociedade passa, excetuando situações atípicas como a Pandemia da Covid-19 ou as estratégicas genocida de um governo que, felizmente, não vai mais fomentar o ciclo de morte ou a exclusão econômica e social pelo qual passamos e que afetou diretamente toda cadeia produtiva da cultura.

Quem vê um tradicional cortejo reizeiro nesse início de 2023 e compara com as jornadas ocorridas até 2017, vai constatar que até mesmo a alegria está envolta em farrapos. Ainda que saibamos do potencial comunitário e famílias de captar recursos para suas tradições, percebemos que essa jornada, que se deu entre 25 de dezembro de 2022 até 20 de janeiro de 2023, apresentou em cores a precariedade das expressões estéticas que não disputam mídia, sobretudo aquelas que têm origem na camada economicamente menos favorecida.

Hoje, ao término da Festa de Arremate ocorrida no bairro da Chatuba em Mesquita, bairro esse que já figurou entre os de menos IDH de nosso estado, podemos perceber que há uma nova geração de foliões que está cedendo à

necessidade do uso ainda maior da reciclagem e outras formas de reaproveitamento de meios, na hora de confeccionar seus fardamentos. E isso, naturalizado a precariedade nesse que sempre foi para a maioria dos envolvidos o único nicho de exposição de pompa e beleza estética, em se tratando de figurino festivo.

Nesse momento no qual temos em perspectiva a retomada de diálogo do MinC com a sociedade, vale gravar nos corações e mentes de nossos gestores a responsabilidade de desobstruir os canais pelos quais fluem a criatividade dos grupos que expressam nossa brasilidade em sua forma mais rica e pura.

 VIVA (e deixem viver) NOSSA CULTURA  POPULAR!!