domingo, 12 de fevereiro de 2023

 





Por Ivan Machado

Nesse início de ano fecharmos mais um ciclo no acompanhamentos das folias de Reis na Baixada Fluminense, constatando uma série de questões que nos que vem nos preocupando nessa última década. Sabemos que o fim ou esgotamento de algumas expressões culturais é algo natural ao longo do tempo, o que também demonstram as mudanças pelas quais a sociedade passa, excetuando situações atípicas como a Pandemia da Covid-19 ou as estratégicas genocida de um governo que, felizmente, não vai mais fomentar o ciclo de morte ou a exclusão econômica e social pelo qual passamos e que afetou diretamente toda cadeia produtiva da cultura.

Quem vê um tradicional cortejo reizeiro nesse início de 2023 e compara com as jornadas ocorridas até 2017, vai constatar que até mesmo a alegria está envolta em farrapos. Ainda que saibamos do potencial comunitário e famílias de captar recursos para suas tradições, percebemos que essa jornada, que se deu entre 25 de dezembro de 2022 até 20 de janeiro de 2023, apresentou em cores a precariedade das expressões estéticas que não disputam mídia, sobretudo aquelas que têm origem na camada economicamente menos favorecida.

Hoje, ao término da Festa de Arremate ocorrida no bairro da Chatuba em Mesquita, bairro esse que já figurou entre os de menos IDH de nosso estado, podemos perceber que há uma nova geração de foliões que está cedendo à

necessidade do uso ainda maior da reciclagem e outras formas de reaproveitamento de meios, na hora de confeccionar seus fardamentos. E isso, naturalizado a precariedade nesse que sempre foi para a maioria dos envolvidos o único nicho de exposição de pompa e beleza estética, em se tratando de figurino festivo.

Nesse momento no qual temos em perspectiva a retomada de diálogo do MinC com a sociedade, vale gravar nos corações e mentes de nossos gestores a responsabilidade de desobstruir os canais pelos quais fluem a criatividade dos grupos que expressam nossa brasilidade em sua forma mais rica e pura.

 VIVA (e deixem viver) NOSSA CULTURA  POPULAR!!

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