 |
Representantes do coletivo 146X Favela e apoiadores, no Clube de engenharia |
Sexta-feira, 18 de outubro, foi o dia no qual o coletivo de projetos que compõe o 146X Favela se reuniu no Clube de Engenharia, para apresentar mais uma vez à sociedade
um conjunto de justificativas para o acesso a 25 milhões de reais que o governo do estado do Rio de Janeiro insiste em reter. Para ampliar ações de saúde voltadas a populações que vivem em favelas e demais comunidades periféricas, a ALERJ disponibilizou, em 2021, 20 milhões para lançamento de editais através da FIOCRUZ, cujos valores o Governador Claudio Castro reteve. Há hoje risco de novo contingenciamento, agora de 25 milhões da mesma fonte de recursos, tendo em vista a negativa do governador Cláudio Castro em dar retorno às diversas tentativas de diálogo sobre o assunto. A proposta é ampliar o número ações de saúde nas favelas, a partir das próprias lideranças locais, de modo a contribuir para a elevação no nível de informação e acesso à saúde, propondo alternativas que contribuam para estabelecer políticas mais eficazes e objetivas, nos territórios.
A arte, influenciando a ação de saúde
 |
Cartaz do filme 5X favela: inspiração ara o movimento |
Em março de 2021 foi lançado pela Fundação Oswaldo o primeiro edital do Plano de Enfrentamento à COVID-19 nas favelas do Rio de Janeiro, o qual recebeu um apelido inspirado no filme “5X Favela – Agora Nós por Nós”. Esse edital no valor total de 20 milhões, passou a ser identificado por seus integrantes como 54X Favela e contemplou iniciativas que pudessem mitigar os efeitos da Covid-19 em comunidades que já vivem na prática uma condição de isolamento social, agravada então pela Pandemia. Ao final dessa primeira iniciativa, mais de 100 mil pessoas foram alcançadas em 75 favelas de nosso estado, demonstrando assim a relevância de uma ação de saúde coletiva realizada em parceria com lideranças locais e estruturas públicas de saúde. A ideia do “nós por nós” cresceu, tendo em vista que as ações iniciais levantaram questões importantes que não poderiam mais ser ignoradas, como a Tuberculose e a fome. Nessa nova chamada, o coletivo que promove de ações locais de saúde se eleva para 90 iniciativas. Agora são ações focadas também na segurança alimentar, comunicação e informação, emprego e renda, sustentabilidade e educação. Mesmo com o sucesso das iniciativas nessa segunda etapa, o governo do estado se mantinha alheio ao diálogo quanto a liberação dos recursos já destinados aos objetivos do Programa de saúde Integral nas Favelas, ao que surge o auxílio da própria FIOCRUZ, que disponibilizou recursos próprios para que as ações não fossem encerradas. Foi a destinação de 25 milhões da ALERJ em 2023 que motivou o lançamento de um segundo edital do mesmo programa. Agora o Coletivo de coordenadores dos projetos que integram o Programa 146X Favela reivindica o desbloqueio dos recursos, mais uma vez retido pelo governador Cláudio Castro. É importante considerar que foram 275 mil pessoas diretamente beneficiadas, sendo o combate a fome o fator que mais impactou os territórios, com 370 toneladas de alimentos distribuídos, números que serão facilmente dobrados ao fim dessa terceira etapa, o que já se torna uma justificativa para que o desvio de finalidade desses 25 milhões não se dê, mais uma vez. São iniciativas que contribuem diretamente para a elevação no nível de cidadania dos territórios, possibilitando, em perspectiva, o desenvolvimento de uma nova cultura de direitos, com menos paternalismo e maior consciência de quem vive em condições de vulnerabilidade.
 |
Estel, acolhendo o coletivo 146X favela em nome do Clube de engenharia |
Vale um destaque especial a cada apoio dedicado ao pleito do coletivo 146X favela, que surge de diversas frentes. O Clube de engenharia, por exemplo, criado no final do Século XIX, dedica hoje, através de sua nova diretoria, uma especial preocupação com o desenvolvimento socioambiental das comunidades periféricas. Bom exemplo disse vem do acolhimento de nosso coletivo, através do engenheiro Sanitarista Estel, a quem os moradores da Chatuba conhecem muito bem. Durante a vigência do Programa Nova Baixada (2000-2003), Estel contribuiu significativamente para a humanização dos serviços de saneamento básico no território, demonstrando respeito pela opinião das lideranças locais, o que garantiu a elevação do IDH do municípios em anos posteriores. de igual modo, a imprensa também compreendeu a relevância dese movimento, vide a
matéria publicada na coluna de Ancelmo Góis no site e no jornal O Globo, no mesmo dia do evento. A matéria destaca os avanços possíveis, caso o governador claudio Castro não repita o contingenciamento de mais esse recurso para um programa específico de enfrentamento da precariedade da saúde nas favelas fluminenses.
 |
É possível avanças, caso o Governo do estado cumpra a lei |
O estado brasileiro não produz cultura, mas tem interferência direta nas estruturas que podem interferir nosso modo de vida. É com base na oralidade e em nossa tradição de lidar com ervas e plantas que compreendemos, por exemplo, como a automedicação teve adesão entre pessoas de baixa renda e de pouco acesso a especialidades médicas. Quando observamos como nosso Sistema Único de saúde vem sofrendo ostensiva perseguição por parte de quem vê saúde como negócio, entendemos que investir em um Plano Integrado de Saúde nas Favelas pode ser uma forma didática de propor um novo olhar da população às condições de saúde em seus territórios. O Centro de Cultura Popular da Baixada fluminense, integrante do coletivo 146X Favela, se alinha aos demais coletivos, parceiros institucionais e parlamentares, cobrando do governador Cláudio Castro a imediata liberação do 25 milhões de Reais, pela saúde plena de nossa gente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário