sexta-feira, 22 de agosto de 2025

1º FÓRUM DE CONSELHEIROS DOS COMSEA DA BAIXADA FLUMINENSE

 



“A Baixada Fluminense foi forjada no sofrimento. São 400 anos de opressão."
Prof. Leonardo Ribas

O CCPBaixada participou, na condição de convidado, do 1° Fórum de Presidentes de COMSEAS da Baixada Fluminense, no qual 11 dos 13 municípios da região, enviaram representantes, em um encontro cheio de simbolismos e representatividade. Na ocasião, três mesas de foram formadas, cujos preletores e preletoras apresentaram um histórico dos movimentos em favor da segurança alimentar e nutricional da população, desde os anos 90, além da conjuntura atual, em seu contexto regional.

Os Conselhos Municipais de Segurança Alimentar e Nutricional são espaços de debate sobre a fome e seus dilemas. A partir do encontro ocorrido no Campus Baixada da UFFRJ nessa quinta-feira, 21 de agosto, presidentes dos COMSEAs da Baixada Fluminense criaram um coletivo cuja finalidade é a busca por articulações e estruturas que garantam aos conselhos o acesso a recursos financeiros e insumos, bem como às entidades da sociedade civil, apontando para o fortalecimento das ações governamentais e não governamentais eficazes para o setor.

A partir desse Fórum, as estratégias para a região serão traçadas coletivamente, com o peso simbólico de um território composto por cerca de quatro milhões de brasileiros. Representantes das esferas estadual e nacional se fizeram presentes na mesa inicial, contribuindo com conteúdos e informações fundamentais para fortalecer esse movimento.

Um importante debate foi apresentado pelo professor Renato Maluf, ex-presidente do CONSEA Nacional, em relação à rede de distribuição de alimentos no estado do Rio de Janeiro, ponderando que o abastecimento é centralizado quase que exclusivamente na iniciativa privada, como supermercados e centrais de abastecimento como o CEASA, diminuindo assim a eficiência e o acesso à alimentos às populações menos favorecidas.

Mesquita aparece em dados da EMATER como dos municípios com menor formalização de produtores rurais, com números ligados à produção local que não chegam a incidir nos indicadores de produtividade, ainda que a área verde do município seja maior que o perímetro urbano, segundo Rosani, representante da entidade.

Outro fator que, segundo a técnica do EMATER, configura impeditivo de acesso a recursos federais para enfrentamento à insegurança alimentar é a resistência dos município em aderir ao O SISAN, Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional que é um sistema público instituído pela Lei nº 11.346/2006 (Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional - LOSAN). Ele visa assegurar o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) e articula esforços entre governo e sociedade civil para formular, implementar, acompanhar, monitorar e avaliar políticas e planos de segurança alimentar e nutricional em âmbito nacional, estadual e municipal. Mesquita também é um caso, entre os municípios que ainda não aderiram a esse Sistema.

Soberania Alimentar é o exercício do direito à comida, independente da conjuntura política e cultural do Estado, segundo o Professor da UFF Leonardo Ribas, que discute a questão do direito à alimentação saudável e pesquisa o tema desde os anos 90. Ele fala do princípio indígena do "Mopojaô", que é a solidariedade e partilha do alimento, em contraponto ao modelo de comida como produto.

Houve falas dos conselheiros municipais, reafirmando o papel da sociedade civil com vistas a uma mudança de postura política dos governos e o estabelecimento de uma nova cultura alimentar na sociedade.

"Se alguém se incomodou com a minha fala, me espera lá fora. Eu tenho mais coisas pra falar sobre a minha dor." Afirmou a presidente do COMSEA de Seropédica e umas das líderes que organizaram o encontro.

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