Por Ewerson Cláudio
Ontem, Dia de São Jorge, a UNESCO concedeu o título de “Capital Mundial do Livro em 2025” à cidade do Rio de Janeiro, que foi escolhida, segundo o noticiário, pela sua dedicação à promoção da leitura e literatura, sendo a primeira cidade de língua portuguesa a receber o título.
A capital do nosso estado, como sabemos, foi e é construída por muitas mãos e suor também do seu entorno. Quase sempre estamos juntos e misturados, então, como está “o livro” nos arredores do Rio? Se balconistas, porteiros, vigilantes, motoristas, entregadores etc. de qualquer periferia têm passe-livre para trabalhar na capital – ainda que com péssima mobilidade -, quais são as políticas públicas dessa metrópole para as cidades que ela polariza?
A limitação dos meios de transporte em finais de semana é parte dessa resposta. A escassez de aparelhos culturais e de lazer nas periferias complementa o quadro. Por isso, obviamente, “o livro” não vai bem na Baixada Fluminense. Como contraponto, iniciativas autônomas de movimentos organizados enfrentam esse quadro e dão a sua contribuição, como a Rede Baixada Literária e a Rede de Educação Popular da Baixada, que promovem inúmeras atividades como saraus, feiras, festivais, rodas de leitura, pré-vestibulares e bibliotecas comunitárias.
Como esse texto está sendo publicado em dia de TBT (uma quinta-feira), relembro aqui uma iniciativa muito legal: o Caldo de Cultura, sarau realizado em Mesquita, que teve início em fevereiro de 2014, com edições presenciais na Praça da Telemar, em Mesquita (2014 a 2018), virtuais (2019 a 2022) e que retornou fisicamente numa edição em 2023 e no último dia 12 de abril na sede do CCPBF, o Centro de Cultura Popular da Baixada Fluminense.
Desde sua estreia, o Caldo de Cultura já realizou em suas atividades o lançamento de pelo menos dezoito livros, seja de poesia, ensaios, romances etc. Uma contribuição importantíssima para a divulgação do que é produzido prioritariamente aqui na nossa região. Nas figuras abaixo, dá pra ver as capas dos títulos.
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Luz Macalé, esteve no caldo de Cultura edição Abril de 2025 |
Além disso, nas edições presenciais, colocávamos a banquinha da TROCA DE SABERES, onde as pessoas podiam deixar e pegar os livros ali disponíveis.
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"Troca de Saberes": livros para troca ou releituras |
Os livros, os/as autores/as e os lugares em que moram/moraram:
• Capítulos da história da Baixada Fluminense - formandos/as de História UFRRJ/Campus Nova Iguaçu (várias cidades da região)
• Sebastiana e o Boi Valente - Tata Figueiredo (Austin, Nova Iguaçu)
• Literatura e ecologia: a pentalogia "La guerra silenciosa", de Manuel Scorza - Elda Firmo Braga (Austin, Nova Iguaçu)
• Palhaços: poética e política nas ruas. Direito à cultura e à cidade - Flávio Aniceto (Belford Roxo)
• Ambiente e sociedade na Baixada Fluminense - Manoel Ricardo Simões (Centro, Nova Iguaçu)
• Palavra andarilha - Ivone Landim (Mesquita)
• Morador de Lua - Luiz Coelho Medina (Nova Iguaçu)
• Eu verso Buakamukua - Dayse Marcello (Mesquita)
• De lá pra cá: memórias e poemas - Lirian Tabosa (Cabuçu, Nova Iguaçu
• Sopros e outros poemas - Glaucio Cardoso (Mesquita)
• Gracias a la vida - Cid Benjamin (Botafogo, Rio)
• A cor da Baixada - Nielson Bezerra (Belford Roxo)
• Mulheres incríveis - Elaine Marcelina (Vila Aliança, Rio)
• Paiol – Guarnier (Nilópolis)
• Coroação preta – Celeste Estrela (Manguinhos, Rio)
• Rosa dos Ventos, a estrela miúda de João do Vale - Marize Conceição (Rosa dos Ventos, Nova Iguaçu)
• Labirintos e bifurcações: como o espaço urbano molda a vida da população negra - Felipe Rodrigues (Mesquita)
• Planeta nada - Luz Macalé (São João de Meriti)
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